sexta-feira, 23 de outubro de 2015

O motivo


Acordei esse manhã com os sons de sua risada, faltava pouco para o despertador tocar e minha intenção, dessa vez, não era dormir mais. Fechei novamente os olhos e me permiti poucos minutos de contemplação, o tema de abertura de minha série favorita começou a tocar, inicialmente longe, e foi aumentando aos poucos. Com os olhos ainda fechados alcancei o celular e desliguei o modo alarme o mais rápido que consegui, por mais que eu me preparasse no dia anterior, acordar cedo nunca me parecia muito agradável.

Você notou o toque antes que eu o desativasse e pouco tempo depois perguntou da cozinha: "quer que eu coloque seu café?", você sabe que eu prefiro os "bons dias" enquanto te abraço. Concordei enquanto me sentava e dava  um tempo para que a visão acostumasse com a claridade daquele dia, olhei para a pilha de roupa para dobrar que se acumulava em uma cadeira e me prometi arrumá-la quando chegasse antes de alcançar o vestido que usaria naquele dia. Abri a porta do quarto e vi a rapidez como se movia para preparar o café, parei instintivamente antes que pudesse perceber minha presença e fiquei a observar aquela agilidade adquirida nos poucos anos de casamento, assim como eu, tinha decorado até mesmo a ordem em que as colheres e garfos eram arrumados na gaveta, sempre do mesmo jeito.

Uma hora depois estávamos saindo, o percurso é demorado mas muito mais agradável quando você está do lado e nós rimos enquanto conversávamos sobre vários assuntos, respeitando o silêncio quando esse se instala. Mesmo, e talvez principalmente, nessas horas nos olhamos demoradamente e rimos sem motivo. 
Sem motivos aparentes, 
para nós é óbvio: 
o motivo é 
nosso.


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