sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Dramas e solidão


Torci o nariz ao ouvir a ideia, fiz um grande bico e um birrento muxoxo quando ele me contou que teria que passar o fim de semana quase inteiro sozinha. Ele precisava resolver alguns problemas e o tempo que sobrava era o sábado e o domingo mas tudo que eu sabia era bater o pé e me negar a passar esses dois dias sozinha; fiz um dramalhão digno de novela mexicana no estilo "Rodolfo Ricardo, você não me ama mais!" mas não teve jeito, a sentença estava declarada: o final de semana seria de solidão.

Fiz o que toda garota esperta faz nessas horas: dengo! Se eu não iria passar o final de semana do lado dele queria ao menos receber mais carinho do que o normal, e funcionou. Me encolhi no sofá enquanto recebia cafuné e acabei pegando no sono e dormindo durante metade da tarde, quando acordei já era noite de sexta e resolvi organizar mentalmente o que faria já que teria o dia seguinte livre: séries, livros ou filmes? Deixaria para escolher na hora.

Acordei no sábado com o corpo pesado e fui capaz apenas de dirigi-lo da cama ao sofá uma vez que havia me prometido maratonar aquela série nova. Antes mesmo de tomar o café da manhã já tinha terminado dois episódios e estava muito curiosa para saber o que se seguiria. E foi assim durante todo o sábado só mudando ao final do dia quando ele chegou, me deu um beijo na testa perguntando como havia sido o dia; pelo seu rosto pude perceber que o trabalho do dia tinha deixado ele tão exausto e chateado quanto possível, resolvi não fazer mais drama e lhe ofereci um jantar reforçado. Apesar de se esforçar e sugerir que assistíssemos ao filme que tanto queríamos vi em seu rosto que ele precisava descansar e apenas concordei que veríamos outro dia.

O domingo foi uma versão mais chata do dia anterior e se arrastou mais do que imaginei ser possível. Depois do que pareceram 70 horas ele chegou, respirei aliviada ao notar que a solidão do fim de semana havia, finalmente, acabado, e, com base no que se passou no dia anterior, entendi que era melhor deixá-lo descansar. No dia seguinte ele acordou o mesmo, fazendo graça com tudo e com uma disposição que faria a maioria dos jovens de hoje ficarem admirados; por não ter sido tão lento e angustiante quanto os dias anteriores a segunda acabou por passar rapidamente e ser na mesma velocidade esquecido, e a vida voltou ao normal. Eu não sabia naquela época que o que ele havia saído para resolver naquele final de semana foi na verdade a viagem romântica que tanto pedia, hoje posso ver, sem fazer muito por merecer.
Desse episódio então levei a lição de não mais brigar por bobagens; acabei aprendendo, com o tempo, que sempre que ele se afasta um pouco é pra poder se aproximar mais.


Esta história pode ou não ser vista como real, apesar de não tê-la visto acontecer, em algum lugar do mundo, neste exato momento, com certeza, há um(a) namorado(a) fazendo birra por bobagem.


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